sexta-feira, 29 de agosto de 2008

OHHHH MAAAANHE!!!

Há uns anos atrás conheci o Underdog. Underdog era a alcunha, não o nome obviamente, ele chamava-se Ricardo e digo chamava-se porque já morreu. O Underdog era uma pessoa bestial, mesmo, e especial. Tinha um sorriso brutal, não era propriamente bonito, era mais… luminoso, isso, luminoso. O olhar ajudava, ou pelo menos a forma como ele olhava para mim. Não era uma pessoa feliz, não que fosse infeliz, mas tinha demasiados macaquinhos no sótão. Aliás, acho que foi ele próprio que se alcunhou de Underdog, o que dá uma ideia de como ele se perspectivava.

Ainda hoje tenho o seu número gravado no meu telemóvel e sou incapaz de o apagar, incapaz. Lembro-me imensas vezes dele, dele e de todos os meninos que me “adoptaram” (e à Bá) naquele campismo da Ericeira, no remoto Verão de 99. Lembro-me com saudades do que passámos lá, do amigo que perdi e do que se perdeu pelo caminho, o Pedro, a quem carinhosamente chamava de Papá. No entanto, do Underdog lembro-me sobretudo quando me apetece gritar. SIM, GRITAR. Daquelas férias ficaram-me três frases na memória: O que é que são 5 metros?, Ohhhh, MAAAANHE! e Porque é que não existem elefantes cor-de-rosa? Não me peçam para explicar a primeira e última frases, mas não, não andamos a ingerir cogumelos mágicos. Quanto à segunda… parece que ainda estou a ver o Underdog a vir da casa de banho, a aproximar-se das tendas e a gritar a todo o parque: OHHHH MAAAANHE! Lindo!

Não conheço expressão mais catártica! Mesmo! Quando alguma tensão me pesa nos ombros, duros como um iceberg, quando os neurónios estão tão cansados de tanto pensar num determinado assunto, quando as forças começam a escorregar como a água a escorrer para o ralo no banho, nada melhor que um bom grito e o OHHHH MAAAANHE é sempre a interjeição que me vem à cabeça. Só ouvindo é que alguma vez perceberão como é libertador. E reparem que podiam ser outras palavras quaisquer, desde que abram bem os pulmões e com toda a garra soltem alguma coisa. Contudo, parece-me que a figura da mãe, seguro poiso de abrigo, o lugar que nunca desaparecerá e para onde poderemos sempre voltar, tem uma relevância extraordinária. Infelizmente, se me der para um momento de catarse às 3 da manhã, em casa, não vou poder fazê-lo clamando em altos berros, mas só de me lembrar do Underdog a executar aquele estranho grito já fico muito melhor.

No entanto, esta não deve ser uma expressão associada a momentos menos bons. Nós usávamo-la especialmente quando estávamos animados, aliás nós estávamos sempre animados, como seria de esperar em férias. Esta expressão está sim associada a libertação, a um (Mafalda desculpa, mas vou ter de te roubar a palavra do mês) “DESLARGA-ME”, a um soltar de amarras. Àquele barulho típico das correias a rebentarem – TCHIM! WOW, melhor, bem melhor. E garanto-vos que raramente nos sentíamos presos.

Hoje lembrei-me do Underdog. Não me cheguei a despedir do Ricardo, nunca imaginei que teria de o fazer, mas talvez um dia passe pelo túmulo dele e diga baixinho: Sabes uma coisa? Cada vez menos preciso de chamar a minha mãe. E tu? Já sabes o que são 5 metros? Eu ainda não estou convencida de que não existem elefantes cor-de-rosa! :)

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Ou sim!

Antes de qualquer Porquê? Hum... Porquê?II tive de aqui vir deixar outro post.

Localizemo-nos: estou em Lisboa, naquilo que muito gente chama de férias, mas que eu não caracterizo de tal. Mais propriamente em casa do Manel (Manel devo dizer que neste momento "invadi" o teu computador, mas nem tanto assim, porque não abri nenhuma das tuas janelas, só o Internet Explorer. Desculpa, mas tinha de ligar o meu laptop e ligar à net e isso dava muito trabalho, lol). A (n)ana está aqui ao lado a dormir (com uma moca de minis e João Pires) e o Manel já a dormir na sua cama. É assim que me recebem em Lisboa! E eu ainda a conseguir ver o Amistad.

E assim entra o porquê deste post. A certa altura do filme o meu actor preferido (Anthony Hopkins) profere as seguintes palavras, mais ou menos, não ipsis verbis - um apelo não é sinal de fraqueza! - Amei! Simplemente Amei!

Eu sei que não é, sei mesmo, mas para mim sempre pareceu. Tem dias que penso: Pinheirinha não é porque precisas dos outros que isso faz de ti fraca! Eu sei que não. Eu preciso sempre dos outros, todos nós precisamos, mas daí até dizer Help vai uma grande diferença. Ou não! (Não sei se já repararam, mas passo a vida a dizer "ou não". Porque será?)

Amanhã vou acordar e continuar a pensar o mesmo, que sou uma fraca por pedir ajuda. Mas pior, vou continuar a não pedir ajuda, só o farei em casos de catástrofe, red code mesmo. Quem me conhece bem percebe facilmente os meus pedidos de ajuda subliminares, mas também só os faço a quem me conhece bem.

Contudo, o mais giro de tudo é que enquanto escrevia este post o Amistad acabou, eu mudei de canal e no TVC2 estava a dar o Em Busca da Felicidade! Parece mesmo que vou ter de mudar a minha filosofia de vida!!! Ou não!