quarta-feira, 9 de abril de 2008

Crónica de um voo anunciado (atrasado e avariado)

“21 de Março, 09:40h – Aeroporto Sá carneiro

Adoro aeroportos, simplesmente adoro! E mesmo que não viaje, como acontece hoje. “ Pede-se ao Senhor Albano… e à senhora Ana…o favor de se dirigirem com urgência à porta 33.”

Há precisamente 15 dias atrás vivia, uma excitação diferente, a excitação de quem ia andar com a cabeça no ar, literalmente. Quer dizer, devo confessar que não foi com a excitação que tanto me caracteriza quando faço alguma viagem, mas isso explicarei numa próxima vez. Há 12 dias atrás, a excitação de quem estava a pousar os pés no solo que mais conheço e que é responsável por grande parte da minha personalidade. O regresso é, umas vezes, uma aterragem de entusiasmo com um pensamento que fica a quilómetros de distância, outras, um sorriso que pousa coberto por um nevoeiro melancólico. “Pede-se ao Senhor Albano o favor de se dirigir com a máxima urgência à porta 33.” (o Senhor Albano ou morreu ou então é melhor arranjar uma muito boa explicação.)

Nos aeroportos a volta ou a chegada, parece-me que são vividas de forma mais intensa que numa estação ferroviária ou numa gare de camionagem. Naturalmente, porque a este lugar estão associadas viagens de longo percurso. O coração ficar mais apertadinho se estivermos a dois mil quilómetros de distância do que a trezentos. No recinto das partidas, isso nota-se nos olhos que se distanciam daqueles que vão partir, nos narizes marcados no vidro que transparece a pista, no beijo último que anseia que o próximo seja bem mais longo, no abraço e lágrimas que não querem ser repetidos.

No local das chegadas, lembro-me sempre do início do Love Actually. Sempre.

Os olhares que pousam incessantemente na porta de saída dos passageiros, os braços abertos ansiando por fechar, as palavras que saem muitas vezes mais facilmente em gestos e em salgadas emoções. Aqui também se espera e espera. Hoje pela Paula, a minha tia preferida, (faço esta piada há anos e para quem não vê piada nenhuma na frase devo explicar que a Paula é a minha única tia). Voo atrasado 45 minutos.

Enquanto esperamos que apareça uma pessoa a empurrar uma mala vermelha maior do que ela, eu e o pai olhamos, observamos e “piadamos”. Os pinguins cor-de-rosa da Mateus Rosé parecem acreditar que “Taste Matters”, a Super Bock sempre muito hospitaleira com o seu “Welcome Bock”, o cãozinho a uns 3 metros de nós que a mim me faz despertar um sorriso – “oh, olha, só neste aeroporto é que deixavam entrar um cão para vir receber a possível dona” – e ao meu pai faz despertar indignação – “é mesmo a vaidade do Homem… trazer para aqui o animal. Até está assustado”, as duas árvores humanas a saudar quem chega (hoje é dia da árvore).
O patriarca – Próxima “rodada” é de Colónia.
…Esperamos mais uns segundos e lá começaram a sair algumas pessoas.
Pinheirinha – Têm cara de alemães, não têm? E têm um traje típico, não têm?
O patriarca – Então não se vê logo que são dos arredores de Colónia?
Somos uns cromitos, ih ih. E aqui está a Paula.”

Partida ou chegada? Não interessa. É nestes locais que se vê a vida, aquela que fervilha, aquela que nos tira do SNOOZE da maioria dos dias. TRIIIIIMMMMMM!!! Toca a despertar e acordar, literal e metaforicamente, para a vida. Perder o avião hoje pode não ser problemático, mas perdê-lo constantemente faz-nos desperdiçar milhas no cartão da felicidade.


P.S – Pois, estava atrasado, porque tinha estado avariado. E a cara da Paula era assim como que” Ufa, consegui chegar.” Quando o avião estava em Colónia , alguns segundos depois de ter começado a acelerar pela pista fora, teve de travar a fundo e voltar ao local onde tinha estado estacionado. O Comandante resolveu explicar que tinham identificado uma avaria no computador e que iam tentar arranjá-la através de instruções por telefone, visto que não tinham técnicos da companhia presentes no aeroporto de Colónia. Asseguraram aos passageiros que não tinham motivos para se preocuparem, porque basicamente o que iam fazer era um reboot do computador. Tranquilizador, não acham? O certo é que passados uns 20 minutos o problema estava resolvido e o avião pronto a arrancar.
E eu a pensar que as aventuras só aconteciam à little pinetree. Afinal, a família foi toda abençoada. :)

1 comentário:

(n)Ana disse...

Ahhhhh!!
Grande finta! Temos posts novos e eu distraída!! :oD

Fiquei em Setembro passado moooontes de tempo no Aeroporto Sá Carneiro à espera do avião que atrasava constantemente.
Vivó luxo! Ir e voltar de avião de Lisboa para o Porto é muito à frente hehehe :op

Ora bem... Para mim, uma das sensações mais fixes de viajar, para além de tudo o que guardamos do que vemos e experienciamos, é o regresso. No regresso, o melhor é mesmo ao sair daquela porta com ar triunfante, bater com os nossos olhos nos da(s) pessoa(s) que nos vem buscar... é tão bom! Regressar e ter alguém, um rosto que te é familiar, à tua espera para te receber é meeeeesmo fixe :o)
Confesso que fico birrenta quando no aeroporto tenho que esperar por quem me vem buscar.
Quando vou buscar alguém vou com tempo, levo um livro para me precaver dos possíveis atrasos. Deixar quem regressa à espera... opah, não acho bem...
Nunca levei o meu cão... mas também acho que ele não ia gostar.

Outra coisa a que também não acho grande piada é ter que vir a correr sem gozar aquele pseudo "walk of fame" quando a pessoa que vem buscar fica dentro do carro às voltas do recinto para não estacionar "porque o parque é caro". Mas pronto! Não quero estragar o teu post com as minhas más experiências nas recepções de regresso ehehehe

Em resumo: A tia Paula é uma sortuda!! :o)
E viva as árvores humanas!

Ah! Vou viajar no mês que vem e aposto que serei bem recebida quando voltar :o)

Beijos!