sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

O frio do Missouri

Hoje também está frio, aqui no Porto.
Feito o ponto de situação meteorológico no norte do país falo-vos agora dos ventos gelados que passaram pelo Missouri, nos finais do século XIX. Isto porque ontem fui ver The Assassination of Jesse James by the Coward Robert Ford, filme que gostei e ao qual dou ( ver tabela de rating no final do post - looool, pronto, confesso, não resisti a fazer esta pequena piada, muito boa, diga-se de passagem ).


Desde já aviso que se são daqueles que mal alguém começa a falar sobre um filme dizem logo “ Não contes, não contes nada, porque eu ainda não vi o filme”, enquanto põem as mãos nos ouvidos e fecham os olhos, como se soubessem ler os lábios e não o quisessem fazer, então o melhor é mesmo não continuarem a ler.

Era uma vez um homem chamado Jesse James ( Brad Pitt ), um impiedoso ladrão e assassino que por onde quer que passasse fazia tiritar os dentes dos que o rodeavam, pelo menos daqueles que sabiam quem ele era, pois Jesse James vivia sob várias identidades falsas e aos olhos do comum cidadão ele era um simpático e educado homem da sociedade.

Era uma vez Robert Ford ( Casey Affleck ) um dos elementos do último bando criado por Jesse James, franzino, 19 anos, cobarde, que desejava nada mais nada menos que ser o impiedoso ladrão e assassino Jesse James.

Apresentados que estão o bom e mau falta só encontrar o vilão. Num exercício de lógica fácil de fazer, se juntarmos a esta pequena apresentação o título do filme, rapidamente percebemos qual destes dois é o vilão. O Jesse James, certo? Ou não. Vamos então acrescentar mais alguns elementos.

No início dos anos 80 do século XIX a lenda criada à volta do larápio deu origem a páginas e páginas de jornais, a romances mais ou menos fantasiados e fez com que o nome de Jesse James chegasse à Europa como se de um herói se tratasse. Tudo isto sabemos nós olhando para debaixo da cama de Robert Ford. Empilhado numa pequena caixa está o grande sonho do jovem rapaz, ser um dos homens "James" e provar ao próprio que está à altura de grandes desafios. O problema aqui é que o nosso homicida ou goza com o puto a toda a hora ou então ignora-o, fazendo com que este se sinta completamente humilhado.

Já sei agora estão a pensar que o vilão é o Robert, porque matou por despeito. Mas e então e o Brad Pitt barbudo que continua a matar os seus amigos mais próximos com uma frieza digna de fazer parecer um iceberg o deserto do Sahara? Continuemos. ( A esta hora já tenho dois ou três amigos a pensarem “ pronto… mais um post da Pinheirinha que nunca mais acaba. PORQUE É QUE ELA NÃO ESCREVE MENOS????” )

O filme tem um narrador que nos vai fazendo chegar os remorsos de alguém que passou muitos anos a fugir de cidade para cidade, a contabilizar os olhares dos que fechariam os olhos para não mais verem a luz do dia, ou qualquer outra luz, e a viver sob a dúvida de saber se vai poder passar o resto da vida a corresponder à lenda que é criada à sua volta. Está cansado, muito cansado. Enquanto isso, Robert percebe que nunca será respeitado pelo seu herói e decide que a sua vida tomará o rumo certo. E é aqui que…ele mata James? Será? De repente, lá de cima, da última fila da sala de cinema, pareceu-me fazer mais sentido o filme chamar-se ( se não querem mesmo saber o final do filme, por favor, não continuem a ler ) The Suicide of Jesse James by the Fearful Charlie Ford. Não, não me enganei no nome. Trata-se do irmão de Robert.

Os últimos 15 minutos da película giram à volta das consequências da morte da maior lenda americana da época. A sociedade não vive sem vilões, porque senão como nos qualificaríamos de bons? Logo, há que criar mais um para preencher o vazio. E assim se percebe que isto dos conceitos de errado e de certo não passam de meras interpretações, inclinações, disposições, ou qualquer outro substantivo acabado em “ões”, que dependem do lugar, do tempo das horas e do tempo do sol e do que mais quisermos para mantermos a nossa consciência tranquila diariamente. Cada dia é um dia. After all we’re just human beings.

São 160 minutos de filme sem grandes acções, mas também sem necessidade delas ( se bem que eu cortaria meia dúzia de cenas com alguns personagens secundários que me parecem não influenciar em nada a estória e que consomem 20 a 30 minutos sem necessidade ). De salientar o fabuloso desempenho de Casey Affleck, simplesmente soberbo. Uma espécie de Jack Skellington ( Nightmare before Christmas ) humano ( infantil, mau e com boas intenções ). Brad Pitt está irrepreensível dentro da sua máscara de sombras, negras sombras. Aliás, a sua interpretação fez-me lembrar uma frase da Meryl Streep aquando da apresentação da sua personagem em O Diabo veste Prada, em que ela dizia que o poder de uma pessoa não é visto pelo modo como ela anda, fala ou grita, mas sim à sua passagem, quando os olhares se baixam e as vozes se calam. Jesse James ( ou será Brad Pitt? ) tem esse poder. Por último, o narrador Hugh Ross e a luz. Ambos muito bons.

Como viram até nem contei muito, acreditem. Deixo-vos um trailer e finalizo dizendo que se ainda não viram o filme e leram este post até ao fim não pensem que já não vale a pena vê-lo no cinema. Acreditem em mim, vale mesmo a pena, nem que seja só para confirmarem se não inventei metade do que aqui está, lol. Mentira. Vejam pelo desempenho do Brad Pitt e do Casey Affleck.
Bons Filmes :)



- Peçam o vosso dinheiro de volta na bilheteira.

- Humm…antes isto que o jantar com os vossos sogros.

- "Oh môre o filme foie tão bunito, não foie? Snif Snif :'( "

- "Quando for grande vou ser realizador!!! :D "

- "É hoje. É hoje que me atiro da ponte. Porque é que eu tenho esta vida inútil? Porquêêêêêêê???"

3 comentários:

(n)Ana disse...

Li até ao fim... e continuo com vontade de ver. Talvez até o faça hoje mesmo!
O Brad Pitt é o Brad Pitt... e nem me refiro à estética... acho que o tipo é mesmo bom actor. O resto vem por acréscimo!
Depois logo "vomito" para aqui a minha opinião :op

De resto, gostei do teu ranking hehehe
Obrigada pela passagem no Chapters. ;o)
*

V V disse...

A escal de pontução tá gira, sim srª, mas, para jornalista, já concisavas mais o texto, não? Isto não é um post, é um acórdão do Tribunal Constitucional. lolol

Sr. Mal disse...

ó Andreiinha, é só para avisar que já li o teu comentário no meu blog... e gostei. E gostei porque me fizeste lembrar as tuas características mais evidentes. Isto é, sempre a reclamar por tudo e por nada, ainda que sem contribuir com nada para a discussão. he he. Planeia lá uma vingança e visita-me mais vezes. Até porque estará disponível um buffet de frios para receber as visitas. Nada muito fancy. Um pastozinho simpático com umas migalhinhas do meu conhecimento. Imperdível, portanto!

beijinho beijinho