sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Azul Celeste

Estava no teu cheiro.
Aquela noite estava lá.
Presa ao teu cheiro.
Estavam lá as ilhas
E o teu cheiro.
E as tuas mãos
E os teus olhos.
Tudo estava lá.
Menos eu.

domingo, 14 de outubro de 2007

Frames da memória futura

O azul de um iceberg a assolar a respiração – clic
A dead child laying in the pavement and a dog smelling her - clic
Uma caneta a jorrar Pulitzers - clic
A nightingale flying between little drops of argentinean rain - clic
Uma mão pousada num seio – clic
His eyes starring at the sea - clic
Um cedro siamês coberto pelo céu da Toscânia - clic
A billion smiles lightning the darkness of earth’s black holes – clic
Uma lágrima que não cai, mas que pede ajuda- clic

Um mundo inteiro à minha, à vossa, à nossa espera. If it could just hold still…

sexta-feira, 12 de outubro de 2007

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Os filtros da nossa vida

Eu filtro, tu filtras, ele filtra, nós filtramos, vós filtrais, eles filtram. É inevitável e às vezes muito mais do que isso, é necessário. Mas é também triste.

Um amigo meu ontem disse-me “ contigo não preciso de ligar os filtros (…) sinto-me à vontade, o que é bom ”. É bom sim senhor, pena que passemos grande parte do dia a filtrar.
O sistema operativo do ser humano foi concebido para filtrar. A sociedade está formatada para filtrar. Ligamos o televisor, vemos o Telejornal e temos de filtrar. Falamos com o nosso patrão e temos de filtrar. Educamos os filhos filtrando. Aparece alguém novo na nossa vida e filtramos ( não confundir com flirtar, se bem que a flirtar também filtramos ). É uma perda de tempo e é uma perda de valores. E o mundo gira neste passo. Claro que se as excepções confirmam a regra parece que vamos todos bem alinhados. Vamos com certeza, mas não iremos também alienados? Conscientemente não e se o eixo da Terra ainda não se ressentiu então é porque estamos todos no caminho e no passo certos. E se há coisa que é triste é estar-se certo.

Eu por cá vou ficando feliz por não precisarem de filtros comigo e por saberem que não os irei usar… até ao dia em que o Christo me descobrir e disser “ Jeanne-Claude, traz-me aí uns filtros.” Aí eu rendo-me e digo “ Tudo bem, mas vermelhos e de seda. Ao menos que seja com estilo!”

sábado, 6 de outubro de 2007

O que eu gosto na minha cidade

Fácil, demasiado fácil. E no entanto, parece que me faltam as palavras.
A atitude, as vísceras...
A hombridade, as gaivotas da Cantareira...
O Douro, a coragem de quem morreu a navegar e a solidão dos jardins abandonados...
As placas toponímicas que nos recordam como esta cidade se construiu, o splah das águas quando os putos ainda saltam para o rio e o meteorito da Boavista...
As vogais abertas nos discursos inflamados, a luz suave do granito e o internacionalmente "provinciano" clube que nos põe roucos...
O murmurar das ondas da Foz em dias de Primavera, os decibéis de quem ao ver o amigo do outro lado da rua diz " Oh meu caralho tavas aí e não dizias nada?", o metro sem torniquetes...
A revista O Tripeiro, o Rui Reininho e a SONAE...
Os raios de sol que batem nos azulejos das casas da Ribeira, o fogo de artifício do S.João e a Baixa a renascer...
As escadas de Miragaia que viram passar os pés dos meus antepassados, o Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar e as peixeiras do Bolhão abraçadas aos adeptos da Laranja Mecânica após o empate com a Alemanha no Euro2004...
Eu, a minha mãe e o meu pai...
Os patrões que deixam os funcionários saírem mais cedo em noite de Champions League, o passo acelerado de quem quer gritar gooooooooolo no seu sofá, mesa de café ou cadeira do estádio e as ruas desertas entre as 19.45h e as 21.30h...
Os que mesmo não tendo nascido nesta cidade fizeram questão de semear e deixar crescer novas raízes e escreveram Daqui Houve Nome Portugal, o néctar que Baco não dispensaria no seu copo e o frio e o céu cinzento que abraçam um casal de velhos de mão dada a passearem
em Serralves...
Fácil, demasiado fácil. E no entanto, parece que me faltam as palavras.