sexta-feira, 23 de novembro de 2007

A kind of...London

Após pedido de várias famílias venho aqui deixar um contributo sobre a minha viagem a Londres.
Quem me conhece sabe que sou capaz de passar horas e horas a falar de uma viagem, por mais curta que ela seja, mas desta vez não vos vou “melgar” com as peripécias, que para onde quer que eu vá, insistem em me acompanhar. Apenas vos vou explicar porque gosto tanto de Londres, uma paixão com 13 anos.

As pessoas.
E aqui é necessário perguntar: que pessoas? É legítima a questão, ao fim e ao cabo são cerca de 8 milhões de pessoas a habitar uma capital que tem 40 vezes o tamanho da cidade do Porto. A resposta porém é simples: todas, por mais cliché que vos possa parecer, a verdade é que é o melting pot que mais me atrai nesta cidade. É certo que tantas nacionalidades juntas( para não dizer todas as que existem neste planeta ) têm também um ou outro inconveniente, como sendo o caso de se querer desesperadamente ouvir a toda a hora o sotaque britânico, por o qual eu sou completamente doida, e não o conseguir.
Gosto dos ingleses, em Inglaterra. Cá acho-os um tanto ao quanto pretensiosos. Convém esclarecer que esta não passa de uma visão de viajante, de alguém que há muito tempo sonha um dia poder trabalhar na terra de Shakespeare, com a plena noção que não deve ser nada fácil viver numa cidade desta dimensão, provavelmente cheia de impessoalidade, algo que para mim, que vivo numa terra leal e invicta, pode ser catastrófico. Ou não, sou aberta a novas experiências e novos mundos.






Deixem-me ser como sou!
Adoro Londres, porque posso ser o que sou. A impessoalidade tem destas vantagens. Ali posso ser o que me apetecer, desde que não fume em recintos fechados ( e alguns abertos ), desde que chegue a horas aos compromissos, desde que não tenha objectos afiados ou bombas na mochila. Tudo o resto sou eu, sem grandes juízos de valor a mirarem-me a toda a hora.




O metro. The subway. The tube. The underground. O que lhe quiserem chamar ( eu prefiro Tube ).
Lembrei-me agora de uma música do meu querido Jay Kay, que me chegou a convidar para ir lá a casa experimentar uns chapéus, que se chama Deeper Underground. Ora nem mais “I'm going deeper underground, there's too much panic in this town”. Duas reflexões: o Tube chega a ser mesmo muito deeper underground e é literalmente uma underground town. É uma segunda cidade dentro de Londres e tem mesmo de ser.
Inevitavelmente, pelo menos para esta minha rebuscada massa cinzenta, e falando em pânico, pensei várias vezes como teria sido o atentado de Julho de 2005. A palavra certa é sorte. Pura sorte. Como teria sido se o atentado tivesse acontecido em Kings Cross St. Pancras, cerca de cinco andares abaixo do solo? Como chegariam lá os meios de socorro? Quantas das cerca de duas milhões e meia de pessoas que diariamente utilizam o metro não teriam morrido? ( Esperemos que nenhum elemento da Al Quaeda se lembre de ler isto. And if any NSA agent reads this post, please… I’m just kidding, don’t send the helicopters, there’s people sleeping ).









O tempo e a cultura.
Aqui refiro-me ao tempo meteorológico e não ao dos relógios que cada vez mais controlam a nossa vida ( citando um chefe de tribo dos mares do sul, num dos meus livros preferidos - Papalagui– “ O Papalagui ( homem branco ) nunca tem tempo. Nunca fui capaz de entender isto, pois não sei o que é o tempo, mas julgo que se trata de uma doença grave.” Escrito em 1920 e não podia estar mais certo ). Detesto que as pessoas digam que Londres e o Porto são cidades feias, porque são cidades cinzentas. É certo que não têm a luz que tanto caracteriza Lisboa, mas têm uma luz fenomenal. É aquela que aconchega. Aquela que vemos nos filmes e que nos faz lembrar o Oliver Twist. Aquela que nos faz sentar nos bancos de madeira dos parques pequenos, escondidos por toda a cidade, e nos faz querer ver as árvores a despirem-se. Aquela que ilumina o Thames às 11 da manhã e às 3 da tarde faz escorregar os peões na Millenium Bridge. A luz da incerteza. Ou então Londres e o Porto não têm realmente nenhuma luz especial e são os meus olhos que as iluminam, mas não me parece.
Quanto à cultura devo salientar dois ou três factores. O facto de estarmos numa cidade com alguns dos melhores museus do mundo, a maioria dos quais com acesso gratuito, o facto de termos ao dispor dezenas de espectáculos diários para todas as idades e gostos ( devo acrescentar também para todos os preços - incluindo gratuitos - sendo que para um português de classe média o preço mais baixo de um espectáculo em Londres é seguramente um preço médio/alto dos nossos espectáculos ), o facto de a cultura se praticar em qualquer canto ou esquina e não estar circunscrita a quatro paredes.
Gostava de dizer que Londres, a meu ver, não é uma cidade deslumbrante em termos de arquitectura. Não é uma Viena, uma Budapeste ou uma Veneza ( mas nada bate a beleza de Veneza, até rima ), cidades mais marcadas pelos traços dos tempos. No entanto, é óbvio que não é de desconsiderar The Houses of Parliament, o British Museum ( 1ª foto abaixo, com o seu magnífico tecto envidraçado ), o Museu de História Natural ( 3ª foto abaixo ), a Tower of London, a Tower Bridge ( 4ª foto abaixo ), etc. Sendo ainda de ressalvar os fabulosos parques, espalhados pela cidade. Contudo, é a arquitectura moderna que ressalta aos meus olhos.









Tudo o resto.
Não me posso estender mais nestas observações, disse que não vos ia maçar. Tudo o resto. Os parques. Demorava linhas e linhas a escrever sobre os parques. Adoro St. James Park. Adoro os esquilos. Adoro os velhotes que dão de comer aos esquilos e ficam super chateados por os turistas andarem sempre atrás dos animaizinhos. Adoro os mercados: Convent Garden com a irrepreensível qualidade de artistas de rua, Portobello Road pela azáfama e diversidade de sub-mercados, Camden Market com o seu sub-mundo de punks, góticos e as mais alternativas, bizarras e geniais personagens. Adoro os executivos, com mil piercings na orelha, sempre com as suas mochilas às costas a lerem o The Guardian. Adoro o sistema de CCTV. Adoro os tuxedo e os vestidos de noite a passarem em Trafalgar a caminho de uma premiere no Odeón. Adoro o Big Ben. Adoro as dezenas de pontes sobre o sujo Thames. Adoro o Look Right, que muito jeito dá aos turistas. Adoro a BBC. E tudo o mais que não tenho tempo de dissertar sobre.









A Kind of…London é apenas um dos muitos olhares que poderia deitar a Londres. Hoje ficamos por aqui, mas não sem antes vos deixar aquele para quem todos querem olhar. Eu, pelo menos, nunca me canso de olhar para ele e porque ao contrário do que o chefe da tribo dos mares do sul disse - " Raros são os que na Europa, dispõe realmente de tempo. Ou talvez nem sequer existam. É por isso que eles passam a vida a correr à velocidade de uma pedra lançada ao ar. A maior parte olha para o chão, quando caminha, e balança muito os braços para ir mais depressa. Quando alguém os detêm, gritam indignados:« Que ideia a tua de me vires perturbar! Não tenho tempo!»" - in Papalagui - ainda há quem tenha tempo para apreciar um dos mais belos e perturbadores instrumentos dos nossos tempos, por mais irónico que isto possa parecer.






Cheers Mates!!! :)

1 comentário:

maf disse...

Bloody great description, girl !!! You rock! & London rules!
Ehehe :)
As fotos tao 5 stars e tu deste um novo significado à expressão "London style"!

Bjo grande,
Maf.