sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Colourful TV

Depois de ter sido acusada de ser uma chata, porque basicamente foi isso que a Liberdade disse ( além de subliminarmente se pôr a divagar sobre as pseudo-liberdades, enfim, cria uma pessoa os filhos para ser alvo de ingratidão ), vou agora tirar proveito da fama. Hoje apetece-me rabiscar sobre a TV e em particular sobre dois programas.

Viva o Cabo! Viva! É verdade. Não vou introduzir o tema falando sobre o cinzento cenário da programação das televisões generalistas, apontando como excepções o “ Câmara Clara ”, o “ Clube de Jornalistas”, a “ Letra L” e algumas mais séries que por aí passam ( QUANDO É QUE A RTP ME MANDA O MEU SCOFIELD 3??? E A TVI O MEU HOUSE 4???? ), nem mencionar o óbvio facto de os espaços informativos estarem completamente corrompidos, além de que se o fizesse poderia, um dia destes, aparecer aqui a Mafaldinha e os seus amiguinhos a apelidarem-me de pseudo-intelectual e se há coisa que detesto é ser vulgar.

Passemos então ao cerne da questão. O Cabo. Há coisas fantásticas, não há? Há pois. Como por exemplo, o melhor telejornal que existe à face da Terra: Daily Show with Jon Stewart ( Sic Radical, de terça a sexta, às 20.40h ). Aqui aprende-se e conhece-se mais sobre a actualidade nos Estados Unidos da América do que em qualquer outro telejornal ou espaço informativo ( vamos abrir aqui uma HUGE excepção ao 60 Minutes ). O mesmo acontece com o The Colbert Report ( programa que não é transmitido por nenhum canal em Portugal, mas que podem ver na internet ).

O que é que estes dois espaços têm em comum e o que é que os distancia? Em comum quase tudo, o facto de serem dois apresentadores com um sentido de humor apuradíssimo, o facto de o programa durar cerca de 30 minutos, o facto de o sarcasmo, a sátira e a ironia serem o aperitivo, o prato principal e a sobremesa, o facto de fazerem da comédia um veículo de contra-poder ( já que o jornalismo falha tantas e tantas vezes essa sua função e prefere tornar-se instrumento do poder e não de poder ), o facto de terem ao seu serviço fucking good Tv writers and fucking good actors ( as Produções Fictícias lá do sítio ). A separar os dois programas o facto de os dois apresentadores se fazerem ouvir em convicções opostas, de um lado o "burro" ( Jon Stewart ) e do outro o "elefante" ( Stephen Colbert ). E embora eu aprecie muito mais as convicções azuis do Jon, o Stephen desarma-me completamente com a sua infinita capacidade “latosa”.

Através destes dois programas percebemos que os problemas com que nos debatemos diariamente em Portugal também existem do lado de lá do oceano ( em dimensões diferentes ), nomeadamente no que diz respeito às escolhas editoriais dos órgãos de comunicação, às politiquices da política, aos problemas dos orçamentos, etc, etc, etc. E tudo isto se apreende a rir, ou melhor, a gozar com. Qual CNN! ( Deus me livre e guarde de algum futuro editor meu da CNN ler isto ).

Contudo, o que mais me surpreende é como as pessoas encaram este estilo. Para isso vou-vos dar um exemplo. Jon Stewart tem como principais alvos de gozo o Presidente dos Estados Unidos e o seu Vice-Presidente Dick Cheney ( certamente quando a Hillary ganhar as próximas eleições será mudado o target ). Logo, a última pessoa que nós esperaríamos ver a aceitar um convite para participar no Daily Show seria a mulher de Dick Cheney e voilá, aceitou. É certo que o desconforto de ambos se sentia do lado de cá do ecrã, mas sinceramente não estou a ver um cenário destes a ter lugar em Portugal.

Este é apenas um dos muitos exemplos de como se encara a liberdade de expressão nos EUA. Calma, my fellow readers, não estou iludida, sei perfeitamente que é um exemplo pequeno e que na maioria dos casos os meios de comunicação continuam todos subordinados e controlados pelos grandes grupos e pelos seus dítames. Nada é perfeito, mas de vez em quando dão-nos estes pequenos bombons.

Este post é apenas para vos falar de um dos meus programas preferidos. Nada mais. Se eu quisesse aprofundar o tema do jornalismo anglo-saxão com os seus gigantes recursos humanos e financeiros, com as suas convicções esparramadas nos seus livros de estilo e com todo o seu poder escreveria um post intitulado “ Jornalismo Anglo-saxão com os seus gigantes recursos humanos e financeiros, com as suas convicções esparramadas nos seus livros de estilo e com todo o seu poder ” e aí apresentaria os prós e contras. Não é o caso ainda.

Agora vou-vos deixar a saborear alguns momentos fabulosos. A escolha foi muito difícil, muito, muito difícil. Dois vídeos de cada programa, sendo que os do The Colbert Report são geniais ( não só pelo divertido estilo do Colbert, mas também obviamente pelo amazing Sean Penn, ai ai, este homem... ). Divirtam-se :)









2 comentários:

MCO disse...

Se és fã do JS, vais adorar isto.
Ficas ainda mais fã. E tem a ver contigo :)

beijo

http://www.youtube.com/watch?v=aFQFB5YpDZE

(n)Ana disse...

hum... acho que fomos amigas noutra vida! :o)